quarta-feira, junho 04, 2008

30 anos

Vinha pensando no que escrever. Imaginei que, de agora em diante, passadas as questões mais existenciais, deveria criar uma fórmula para que estes capítulos (já que imagino um livro no final desta jornada) tenham sustentação literária. Grande bobagem. Não pretendo ter uma obra-prima, e sim um relato de minha vida até o final.

Mas por outro lado penso que tudo isso pode acabar parecendo um simples diário juvenil, isso se eu me ater simplesmente a contar o que aconteceu no último ano. Claro que não posso deixar de dizer coisas importantes, como minha separação, a guinada (para melhor) sofrida em minha vida profissional, o início das gravações de meu antigo, porém ainda atual, projeto musical, mas também devo analisá-las e deixar alguma dica, ensinamento, para quem lê. E também conta o fato de que, por definição artística estipulada por mim, estes capítulos de minha vida devem ser escritos no dia de meu aniversário, sem revisões ou lapidações na forma. Ou seja, tenho que escrever tudo, rapidamente, e publicar. Pode ser um ponto negativo para formatar o conjunto todo depois, mas foi o critério que adotei. Senão, ao meu ver, soaria falso. Então é isso, segue assim e seja o que Deus quiser!

Sim, me separei após poucos meses. Tão rápido quanto me casei. Creio que tenha sido este o problema, a pressa de viver. Não vou lembrá-los agora da minha difícil relação com a morte, mas é fato que isso influencia no fato de eu ser um cara apressado. Sim, eu estava cansado. Mas não para dizer que não acreditava mais. Talvez eu volte, um dia eu volto quem sabe.

Outro amigo faleceu, com minha nova idade. Tão fugaz a doença o acometeu, em poucos dias a vida se foi. Penso que, se não vivermos plenamente todos os dias, podemos nos arrepender depois. Isso, claro, se houver o depois. Então resolvi que tudo o que me incomoda e que não quero levar adiante será deixado para trás, ou de lado. Minha vida profissional estava estagnada e não permitia avanços nas áreas que realmente me interessam. Como tudo em minha vida, a sorte ajudou para que mudasse os rumos. Mantenho meu trabalho principal, mas agora tenho outras frentes que me permitem ter tempo, saúde, cabeça, para todo o resto, para o que me emociona.

A saúde... vai bem, para um sedentário fumante de trinta anos. Ou seja, vai bem, mas vai mal e poderia melhorar um tanto. Os problemas do ano passado parecem controlados, e para não ter surpresas eu nem ligo em me submeter a enfiarem um cano com uma pequena câmera pelo rabo a cada ano que passa. Assim meu médico se certifica que não há novos tumores e eu me certifico que não morrerei pelo intestino (ou pela boca?). Mas logicamente este susto foi um fator preponderante para que eu lutasse mais pelos meus ideais de vida.

Me tornei então egoísta. Não me gabo disso, mas é a realidade. E não tenho mais tanta pressa em viver tudo o que pretendo, agora eu espero a mágica da vida aparecer e me mostrar o caminho. Não fico parado, fico é atento às oportunidades que surgem, depois de muito trabalho. Então, se amanhã alguma destas aparecer, vou agarrar. Se for para me casar novamente, com minha amada ex ou com uma nova mulher, que seja de caso pensado e que haja esta mágica tão importante para românticos como eu.

Quanto aos trinta anos? Não sei bem o que dizer. Em princípio, poderia dizer que não muda nada, que é apenas mais uma passagem. Obviamente não acordei hoje diferente, mais responsável do que sou, mais adulto. Mas trata-se de uma efeméride importante, a passagem simbólica, de uma vez por todas, para a vida adulta. Na verdade, é a hora de colher o que plantamos durante a infância, adolescência, juventude. Somos formados, dificilmente mudamos de opinião, temos nosso caráter estabelecido. Ou seja, talvez eu sempre tenha sido um tanto egoísta mesmo... talvez. Mas agora pelo menos admito.


links úteis:
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